A surpreendente defesa da Imaculada Conceição por um pastor protestante
Patrícia Castro
11/19/20253 min read
O pastor Anderson Silva surpreendeu os protestantes ao afirmar, publicamente, que Maria é Mãe de Deus e que, por essa razão, foi preservada do pecado original. Não é a primeira vez que ele defende verdades da fé católica. Não sabemos — nem nos compete saber — se o pastor está se convertendo ao catolicismo; isso pertence ao seu foro íntimo. Mas uma coisa é inegável: quando alguém examina com honestidade os dogmas católicos, percebe que eles têm raízes nas Escrituras e são ancorados pela Tradição e Magistério da Igreja. Para quem não tem familiaridade com esses termos, são esses três pilares que sustentam a fé apostólica e são os escudos que impedem que verdades antigas sejam esquecidas ou diluídas nas ideologias ao sabor dos ventos.
Consciente ou não, o pastor acabou reafirmando exatamente o que a Igreja Católica chama de dogma da Imaculada Conceição — uma verdade que, no século XVI, era aceita pelos protestantes, inclusive Lutero e Calvino. Com o passar do tempo, porém, o protestantismo foi se afastando dessa compreensão até chegar ao estado atual, em que os protestantes afirmam que Maria foi apenas “uma mulher comum”, quando o próprio anjo disse que ela é uma mulher agraciada e sua prima Isabel a reconhece como “bem-aventurada e mãe do seu Senhor”.
O receio de “proteger a glória de Cristo” levou os protestantes modernos a perder de vista a grandeza da própria Encarnação. Afinal, como poderia o Deus infinito habitar no ventre de uma mulher qualquer? É importante que as pessoas entendam que Deus não colocou um embrião pronto no ventre de Maria: Ele fecundou um óvulo dela. Ou seja, a humanidade de Cristo foi formada com a matéria-prima de Maria.
Portanto, dizer que Maria é mãe de Deus não é exagero: mães são mães de pessoas inteiras, não apenas de naturezas. Se Jesus é Deus — e todos os cristãos concordam que Ele é — então Maria é, de fato, mãe de Deus. Negar isso ou reduzir sua missão ao comum é, na prática, diminuir a própria Encarnação. É perder de vista o maior dos milagres: o Deus eterno assumiu carne humana a partir do corpo dela. Cristo não apareceu pronto, não desceu do céu como um anjo; Ele realmente se fez carne — e essa carne veio de Maria.
Por isso surge a pergunta inevitável: a mulher que deu ao Filho de Deus a sua humanidade poderia ter iniciado essa missão carregando o pecado original? Aqui chegamos ao coração da doutrina — algo que Lutero, Calvino e outros protestantes do século XVI compreendiam muito bem:
A obra da redenção não pode ser inferior à obra da criação.
Se Eva foi criada sem pecado para que a humanidade começasse em pureza, é profundamente lógico e bíblico afirmar que a nova criação inaugurada por Cristo não começaria em condição inferior. A própria Escritura apresenta Maria como a nova Eva. Se Cristo é o novo Adão — como ensina São Paulo — faz todo sentido que a mulher associada a Ele na nova criação estivesse também livre da escravidão do pecado.
A Imaculada Conceição, portanto, não exalta Maria por si mesma; exalta Cristo, que salva de modo tão perfeito que pode preservar do pecado até mesmo antes do nascimento. Assim como um médico pode impedir uma doença antes que ela apareça, Cristo salvou Maria de forma preventiva — não porque ela fosse maior, mas porque Ele é maior.
Defender a glória de Cristo negando a grandeza da missão de Maria é pobreza de imaginação, em outras palavras, é crer que Cristo passou pelo ventre de Maria como quem atravessa um corredor neutro. Não foi isso o que aconteceu. Jesus assumiu a humanidade recebida de Maria. Ora, se o ventre que carregou o próprio Deus não tivesse sido preparado de maneira especial, então a redenção começaria em desvantagem em relação à criação original — algo totalmente incompatível com o Evangelho.
Para os cristãos dos primeiros séculos, isso era evidente. Para os protestantes do século XVI, também. Talvez agora comece a tornar-se evidente novamente para os protestantes do século XXI. Afinal, os países que começaram negando que Maria é mãe de Deus, hoje estão negando que Jesus é Deus.
Se Cristo é Deus — e Ele é — então Maria é verdadeiramente sua mãe. Jesus, sendo Deus não poderia habitar num ventre pecaminoso. Maria foi salva pelos méritos de Cristo, mas ela não foi salva porque pecou. Há duas maneiras de você salvar uma pessoa: uma delas é tirando-a do buraco, outra é impedido-a de cair nele. Maria foi preservada do pecado no ventre de sua mãe Sant'Ana.
E, para encerrar, vale lembrar a advertência do próprio pastor Anderson Silva:
“Se não era para respeitar Maria e você respeitou, você não perde nada.
Mas se era para respeitar e você não a respeitou, você perde tudo — porque desrespeitou a mãe do dono da festa”.

