Da Mentalidade do Mundo à Verdade do Evangelho: O Ensinamento da Igreja sobre a Contracepção (Minha Conversão: Parte IV))

Patrícia Castro

6/21/20253 min read

Na primeira parte do livro "Todos os Caminhos Levam a Roma", Scott e Kimberly Hahn narram sua fascinante jornada de conversão ao catolicismo. O casal, que antes da conversão tinha uma profunda formação protestante — Scott como pastor presbiteriano e Kimberly como filha de pastor — compartilha simultaneamente como a questão da contracepção foi a primeira verdade a impactá-los.

Kimberly, que já se interessava por temas como o aborto, percebeu que precisava de um entendimento mais aprofundado sobre a concepção. Foi então que, ao se matricular num Seminário de Ética Cristã, descobriu um fato surpreendente: até 1930, todas as igrejas cristãs eram contra os métodos contraceptivos. Ela ficou perplexa ao perceber que, ao estudar o fundamento da concepção e do sexo com abertura à vida, somente a Igreja Católica continuava a sustentar essa fé tradicional, enquanto as denominações protestantes haviam aderido à mentalidade moderna, aceitando os métodos contraceptivos como uma "evolução natural dos tempos".

Ao ler sobre a experiência deles, minha própria visão começou a clarear. Percebi que a verdade nem sempre vem na embalagem que esperamos, e é por isso que, muitas vezes, a rejeitamos. Eles próprios confessam que, apesar de terem enxergado a correta posição da Igreja, ainda lhes faltava a coragem necessária para permitir que essa verdade transformasse suas vidas.

O que mais me impressionou na história de Scott e Kimberly Hahn foi que a conversão deles não foi movida por uma simples emoção, mas por uma profunda convicção. Essa distinção, aliás, foi marcante para mim, pois difere do meu próprio início na vida religiosa, e me provocou imensamente a refletir sobre a natureza da fé genuína: seria normal professarmos uma fé baseada apenas nos nossos sentimentos, sem jamais colocá-la à prova?

Scott Hahn e sua esposa não tiveram medo de investigar as contradições que, como grandes estudiosos da Bíblia, começaram a enxergar. Eles perceberam que a Igreja Católica ensinava a própria realidade divina; sua doutrina não era um peso, mas a própria luz. A abertura à vida, o amor pleno e fiel, e a entrega a Deus até mesmo na decisão sobre a quantidade de filhos eram perspectivas profundamente cristãs que nunca haviam passado pela minha cabeça.

Como a grande maioria dos protestantes, eu via a doutrina católica através das lentes distorcidas do mundo moderno. Pensava nela como um fardo, um conjunto de proibições arcaicas que cerceavam a liberdade humana. Tive que admitir que se entregar a Deus em todas as decisões – até mesmo na quantidade de filhos – eram perspectivas profundamente cristãs que eu ignorei durante toda a minha vida. Aos poucos a visão que eu tinha da Igreja, tão limitada e preconceituosa, foi se desfazendo.

Com clareza, entendi que a Igreja ensina a verdade. Se alguns fiéis optam por não segui-la, essa é uma escolha pessoal. O papel da Igreja, então, é sustentar essa verdade, mesmo que o mundo a considere absurda. Essa revelação me fez refletir sobre a intensa guerra cultural que se desenrola contra o Ocidente, com um objetivo claro: a destruição das famílias e a diminuição da natalidade.

É evidente o contraste com outras culturas, como a muçulmana, que vê na prole uma forma de fortalecer e expandir seu povo. No Ocidente, contudo, ideologias modernas frequentemente retratam os filhos como um fardo, incentivando a fuga da paternidade e de suas responsabilidades inerentes. Se essa tendência persistir, as consequências são claras: o declínio demográfico pode, de fato, abrir caminho para a dominação de outras culturas, simplesmente pela força dos números e pela audácia de impor seus valores, como já vem acontecendo em alguns países da Europa, como Alemanha, França, Inglaterra e Suécia.

A crescente deterioração dos valores familiares é, infelizmente, uma realidade alarmante. Em grande parte, isso se deve à Revolução Sexual dos anos 60, que propagou a ideia de uma liberdade sexual desvinculada da responsabilidade de assumir a prole. Diante disso, é inegável que o sexo sem o vínculo do matrimônio, buscando apenas o prazer contínuo sem o "ônus" da geração de filhos, contribui significativamente para essa crise.

Diante dessa perspectiva, e consciente dos malefícios dos anticoncepcionais para a saúde das mulheres e, consequentemente, para os casais, não tinha como não admitir: a Igreja Católica estava, e está, certa. O mundo, por outro lado, está equivocado em suas premissas.

Diante desta nobreza de ensinamentos, confesso que me senti "mundana" em minha antiga forma de pensar. Não é por acaso que Jesus disse aos que o seguiam: "Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.